Mesmo que você não queira

E ele insiste e vai e volta. Ainda que ela vá embora, seu emprego não seja bom, sua casa seja longe, o país esteja mal: ele vai voltar! Mesmo com nuvem, frio, chuva torrencial, temporal, garoa fina, ou mesmo neve. Pode contar. Estará por lá. Secando a calçada depois da enchente, acendendo a manhã, depois do escuro, esquentando o rosto e te fazendo suar que nem macaco. O Sol. Afim de te tocar sairá de onde estiver e lhe dará o ar da graça.

Esperança, divindade, certeza, motivo de alegria, clareza ou tristeza. Pode ser o que quiser, e será sol. Estará lá e voltará. Porque armagedom, apocalipse, 2012, fim do mundo só acontece a cada um de cada vez, por isso é bom se preparar. E se acostumar a estar debaixo de um bom sol, ainda que com frio ou molhado, sozinho ou acompanhado. Na praia relaxante ou na cidade estressado. Porque ele permanece, e não você. É bom saber. É sempre bom se lembrar.

E mesmo que você não queira, adivinha? É, de lá vem ele. Amarelo, imenso e carregando todas as cores e calores que te esperam pra esse dia. A vigiar aquilo que, à luz do dia, parece estar velado. A alcançar a todo mundo o tempo todo com seu furor de meio-dia. E a comover com seu abraço de colorado fim de tarde. No conviver da sua passagem. Chega e vai embora sem nem ouvir um obrigado, na certeza de que amanhã virá imenso: cheio de futuro; abraços; suores; saudades; música e vitória. Mesmo que tudo mude; mesmo que ninguém escreva; ainda que você não queira.