Presunçoso

19 de agosto de 2011 § Deixe um comentário

Eu presumo que nem tudo seja realmente perfeito. Ainda falta muito para confirmar minha presunção. Presumo, de antemão, que todos podem realmente ser felizes, mesmo que a felicidade de alguns esteja em coisas improváveis. Tenho por bem, inclusive, presumir que outras palavras sejam tão benéficas quanto as palavras de sempre e para sempre proferidas. Aquele que de si presume o melhor, tem o poder de fazê-lo pelos outros também e, assim, livrar-se de todo peso, carência ou rancor.

Eu resumo uma história longa em poucas linhas, por presumir a crueldade de certas palavras e a inaptidão de alguns em perder alguns minutos com leitura de internet. Eu prolongo conversas fúteis também porque presumo que esses momentos são únicos, e que a liberdade de sair está no outro. Consumo livros, me alimentando de experiências diversas de outrem. Ao contrário do meu amigo Foucautliano, presumo ser possível pensar a ignorância, ainda que me faltem argumentos para refutá-lo. Saindo da abstração, na pele, o improvável presunçosamente se justifica. Ele talvez entenda.

E presumo ser possível sofrer apenas pela opção. Optando por perecer, cada um vira refém de um sorriso, ao invés de cúmplice de vários. Cada um presume sua realidade em apenas um outrem, ao invés de colar pedaços de alegria divididos em uma multiplicidade de pessoas acessíveis. Todos tem o direito de presumir serem reais, ainda que vivam num mundo para além da lua e do pensado. Presunçoso de mim mesmo, sorrio desgraças e choro alegrias, apenas por presumir que a realidade desse instante é inconfundivelmente contraditória. Talvez nunca possa comprovar minha dedução.

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